Translate

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Salzedas - Tarouca - Viseu

No Mosteiro cisterciense de Santa Maria de  Salzedas, cuja construção se iniciou em 1168, restam ainda alguns azulejos,  nos claustros, na sala do capítulo e em alguns espaços do piso superior. São azulejos, que segundo informação dada no local, datam do século XVIII.
De facto,os elementos decorativos e a técnica utilizada neste painel correspondem ao descrito na Cronologia do azulejo em Potugal (MNA), no que se refere aos finais do século XVII, início do século VXIII; ou seja, as albarradas, os azulejos de "figura avulsa", grandes paineis a azul e branco,  pincelada por aguadas etc.
Quando vi este painel surpreendi-me com a existência dos azulejos de "figura avulsa" na sua  composição. Nunca os tinha visto serem utilizados desta forma, como preenchimento do espaço adjacente ao motivo principal.

Pormenor da barra 
Os pássaros que ladeiam a jarra de flores
As trê fotografias que se seguem mostram alguns dos poucos azulejos de figura avulsa que restam neste painel



Por todas as paredes do claustro se podem ver fragmentos de painéis que deixam adivinhar que seriam todos muito idênticos.
 Para o próximo post ficam os azulejod da sala do capítulo e dos silhares no primeiro piso.

6 comentários:

  1. Olá Maria Paula,
    Vejo que andou a passear pelo Vale Encantado do nosso interior profundo!
    Também no início do verão estive em Salzedas numa visita guiada e andei a fotografar estes azulejos, desoladíssima por os ver neste estado. Já lá tinha estado há anos mas sem lhes dar atenção. Curiosamente o guia não deu qualquer informação sobre eles, mas eu reconheci logo aquelas albarradas ladeadas de pássaros acompanhadas dos azulejos de figura avulsa como exemplares de fabrico coimbrão de início do séc. XVIII com atribuição a Agostinho de Paiva.
    Expliquei isso ao guia, mas não sei se ele se foi inteirar melhor e passou a dar essa informação aos visitantes que acompanha.
    Desde que andei nas visitas guiadas sobre azulejo em Coimbra, fiquei muito atenta a tudo isto e vou com frequência consultar uma obra que está online sobre o assunto. È a tese de doutoramento de Diana Santos intitulada "Azulejaria de Fabrico Coimbrão (1699- 1801)" que pode pesquisar na internet.
    São sempre imagens belas para partilhar aqui. Fico à espera das próximas.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Maria Andrade
      Andei realmente pelo Vale Encantado que estava especialmente belo numa manhã de nevoeiro, muito apropriado ao ambiente. À entrada do mosteiro, o organizador disse-me "hoje não vai ter azulejos para ver". Pensei que falasse a sério e respondi-lhe qualquer coisa delicada. Imagine o meu espanto quando me deparei com este painel e com os restantes que hei de aqui mostrar.Fiquei maravilhada, claro.Como também tinha estado a ler um dissertação de mestrado sobre a azulejaria dos séculos XVI e XVII em Coimbra,pus a hipótese de fabrico coimbrão,mas fiquei-me por aí, pelas hipóteses:)Vou consultar a tese que refere e também lhe deixo o link para a que li.
      No meio de tanta beleza que vi, lamentei profundamente ver o nosso património, tão abandonado. Sabe que neste dia ainda fui visitar o !mosteiro de S. João de Tarouca, mas aí, não deixaram fotografar.Compreendo, mas tive pena. Tem uma azulejaria fabulosa!
      Gostava de ter mais tempo para ser mais assídua nas minhas postagens, mas mesmo assim, vou tentar mostrar os outros azulejos ainda esta semana.
      Beijinhos para si e boa semana
      o link da tese:
      https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/18156/1/disserta%C3%A7%C3%A3o%20paginada.pdf

      Eliminar
  2. Que fantásticos azulejos Maria Paula.
    Eu, que ando mais pelo centro e sul, raro tenho hipóteses de ver estas maravilhas.
    Terei que alterar pontualmente os meus itinerários!
    E a Maria Andrade introduziu os esclarecimentos que completam o seu post de modo muito interessante.
    Fazeis uma dupla fantástica neste post!
    Manel

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Manel
      Estes azulejos são fabulosos e de uma riqueza decorativa muito grande. Imagine todo o claustro revestido com estes painéis! Estes mosteiros, estiveram praticamente a saque. Consta, que ali nas redondezas há muitas casas construídas com pedras que foram do mosteiro. Quanto aos azulejos, foram desaparecendo entre a degradação natural e a delapidação. Uma pena. Até um sumptuoso lustre existente na nave da igreja desapareceu tendo sido substituído por um candeeiro moderno do pior gosto que eu alguma vez vi e, claro, que o mau gosto, não tem de forma alguma que ver com a modernidade do objeto.
      O comentário da Maria Andrade foi excelente e o documento que refere muito útil a merecer consulta obrigatória.
      Um abraço

      Eliminar
  3. Maria Paula

    Apesar de estar tudo muito estragado, esses painéis continuam muito belos e a Maria Andrade introduziu uma nota importante com as suas informações. Eu desconheço quase tudo o que foi a produção coimbrã de azulejaria. Mas, há tanto azulejo pelo País todo que certamente existiram muitas oficinas e provavelmente, nos centros cerâmicos tradicionais.

    Bjos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Luís
      Acabo de ver muito rapidamente o terceiro volume da tese que refere a Maria Andrade e lá estão os azulejos que aqui mostrei, com atribuição a Agostinho Paiva e datados dos inícios do século XVIII. É fantástica esta partilha e, sem dúvida, que neste post eu e a Maria Andrade formámos uma dupla imparável :) ( se quiser ver os azulejos devidamente documentados espreite a partir da página 381)

      Beijos

      Eliminar