Nesta rua do Porto, cujo topónimo nos remete
para o triste episódio da guerra civil portuguesa que opôs absolutistas e
liberais, homenageia-se doze homens fieis a D. Pedro IV que foram enforcados e
decapitados por ordem do tribunal Miguelista. A cidade do Porto presta tributo
a estes homens, os Mártires da Pátria, não só nesta toponímia, mas também
guardando os seus restos mortais num mausoléu do cemitério do Prado do Repouso.
Mausoléu dos Mártires da Pátria. Fotografia de Ruy F. de Brito e Cunha, 2008 retirada daqui, |
Foi nesta mesma rua, mas já muito próximo
do Jardim da Republica, que encontrei este interessante exemplo azulejar que
anuncia, que ali, naquele edifício, funciona a Associação dos Albergues
Nocturnos do Porto, uma instituição fundada em 1881, pelo então rei de Portugal
D. Luiz I que tem como missão principal, providenciar alojamento, alimentação e
cuidados de higiene a todas as pessoas carenciadas que o solicitem, com o fim
último de ajudar à reintegração social destas mesmas pessoas.
Quem quiser saber mais sobre esta meritória instituição pode consultar o seu sitio
As letras que compõem a sóbria faixa de azulejos parecem-me claramente inspirada nas tendências da Art Déco. Já os remates da cartela com os seus elementos vegetalistas podem levantar duvidas quanto a esta classificação. Mas se atendermos a que no inicio deste movimento havia ainda bastantes influências da Arte Nova, então, talvez, não seja assim tão descabida esta minha opinião.
Os azulejos, neste post, acabaram por não ter o protagonismo que era suposto terem num blogue dedicado à azulejaria, mas é aqui, que reside o encanto de cada pesquisa que se faz. Certos temas, como por exemplo o dos azulejos são tão vastos e transversais que acabamos por "tropeçar" noutros assuntos que nos desviam do objeto inicial do estudo, neste caso, a história da própria cidade ou do do país.
Maria Paula
ResponderEliminarCreio que o motivo vegetal aqui representado trata-se da folha de acanto, um tipo decorativo que já vem da antiga Grécia e usado em toda a arte ocidental. No século XIX existiam livros de gravuras com os vários motivos ornamentais destinadas às escolas de ensino artístico. Creio que aqui usaram o motivo das folhas de acanto copiado de algum desses livros e deram-lhe uma liberdade ao gosto da arte nova.
Espreite este link que reproduz a estampa de um desses livros http://surfacefragments.blogspot.pt/2011/02/
Bjos
Obrigada Luís pela achega.São sem dúvida alguma, folhas de acanto e a sua representação numa instituição como esta faz todo o sentido, pois, segundo li, a simbologia desta planta advém não da folhagem em si, mas dos seus espinhos e significa a vitória de quem soube vencer os espinhos, ou seja o triunfo sobre as provações da vida.Não tive tempo para aprofundar mais esta informação, mas creio que deverá haver alguma relação bíblica. Gostei muito do blog que me remeteu. Muito técnico mas muito interessante e que nos remete para um mundo fantástico de beleza e bom gosto. Beijos e uma boa semana
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